domingo, 10 de novembro de 2013
Por que "produzimos" imagens
Algo que eu tento responder, em vão, aos meus alunos da disciplina de comunicação visual é por que os homens produzem imagens? A pergunta é ao mesmo tempo tão facilmente clara, mas, paradoxalmente tão absurda se considerarmos que: 1. Vivemos em um mundo povoado de imagens e podemos até dizer que habitamos nelas ou até mesmo nem chegamos a vê-las como imagens, como algo diferente da realidade – 2. A segunda observação vem de uma frase de Kubrusly, no livro O que é fotografia, que diz o seguinte: “[...]o simples fato de olharmos já modifica a realidade. Por que produzimos imagens, a pergunta persiste, e a resposta que não é minha, mas de R. Debray é a fotografia, e o autor..... se referia às artes nas “no momento em que o homem tem a consciência da morte”. Produzimos signos, imagens, fotografias porque temos consciência da nossa finitude, e o cérebro exagera, duplica, reduplica a nossa existência, como no romance do Uruguaio Bioy Casares, A máquina fantástica, para simular outras existências. É assim desde as cavernas, do paleolítico, de Pech Merle, Lascaux, Altamira, e foi assim também no plano filosófico com as imagens, duplos de existência do no Mito da Caverna. Por serem o duplo, as imagens sempre nos amedrontaram e fascinaram.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Sobre Oliviero Toscani
Só conheço as fotografia do fotógrafo italiano à frente das campanhas publicitárias da Benetton. Acredito que o esteja em jogo na produção dessas imagens seja a ética da produção de imagens, principalmente quando usa imagens impactantes. É possível, ao mesmo tempo, chocar e promover uma marca? Talvez choque menos se pensarmos que a publicidade é o lugar dos discursos eufóricos que vão de encontro à disforia produzida por ela mesma. Ou seja, a publicidade é o lugar dos discursos sedutores, persuasivos sobre algo que deve ser bom e não necessariamente e moralmente deve nos chocar se pretendemos encontrar nele uma pseudo-satisfação das nossas necessidades.
Por que é possível entrecruzar discursos que tangem a moral ou a ética num espaço de sedução? Pelo fato de Toscani viver em um período que se passa a fazer mais a publicidade da marca do que produto, isto é, mais das ideias que a marca pode inspirar aos seus potenciais compradores. Com isso, ele muitas vezes quer promover um espaço de igualdade num espaço onde não há igualdade, porque a publicidade é o espaço da dissimetria entre o meu desejo e a busca que me conduzirá à satisfação do meu desejo. Não se busca na publicidade uma satisfação moral, mas um contamento egocêntrico de algo que pode preencher minha suposta falta.
Só conheço as fotografia do fotógrafo italiano à frente das campanhas publicitárias da Benetton. Acredito que o esteja em jogo na produção dessas imagens seja a ética da produção de imagens, principalmente quando usa imagens impactantes. É possível, ao mesmo tempo, chocar e promover uma marca? Talvez choque menos se pensarmos que a publicidade é o lugar dos discursos eufóricos que vão de encontro à disforia produzida por ela mesma. Ou seja, a publicidade é o lugar dos discursos sedutores, persuasivos sobre algo que deve ser bom e não necessariamente e moralmente deve nos chocar se pretendemos encontrar nele uma pseudo-satisfação das nossas necessidades.
Por que é possível entrecruzar discursos que tangem a moral ou a ética num espaço de sedução? Pelo fato de Toscani viver em um período que se passa a fazer mais a publicidade da marca do que produto, isto é, mais das ideias que a marca pode inspirar aos seus potenciais compradores. Com isso, ele muitas vezes quer promover um espaço de igualdade num espaço onde não há igualdade, porque a publicidade é o espaço da dissimetria entre o meu desejo e a busca que me conduzirá à satisfação do meu desejo. Não se busca na publicidade uma satisfação moral, mas um contamento egocêntrico de algo que pode preencher minha suposta falta.
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