segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sobre Oliviero Toscani
Só conheço as fotografia do fotógrafo italiano à frente das campanhas publicitárias da Benetton. Acredito que o esteja em jogo na produção dessas imagens seja a ética da produção de imagens, principalmente quando usa imagens impactantes. É possível, ao mesmo tempo, chocar e promover uma marca? Talvez choque menos se pensarmos que a publicidade é o lugar dos discursos eufóricos que vão de encontro à disforia produzida por ela mesma. Ou seja, a publicidade é o lugar dos discursos sedutores, persuasivos sobre algo que deve ser bom e não necessariamente e moralmente deve nos chocar se pretendemos encontrar nele uma pseudo-satisfação das nossas necessidades.
Por que é possível entrecruzar discursos que tangem a moral ou a ética num espaço de sedução? Pelo fato de Toscani viver em um período que se passa a fazer mais a publicidade da marca do que produto, isto é, mais das ideias que a marca pode inspirar aos seus potenciais compradores. Com isso, ele muitas vezes quer promover um espaço de igualdade num espaço onde não há igualdade, porque a publicidade é o espaço da dissimetria entre o meu desejo e a busca que me conduzirá à satisfação do meu desejo. Não se busca na publicidade uma satisfação moral, mas um contamento egocêntrico de algo que pode preencher minha suposta falta.